quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

Viagem rumo ao fundo do mar

Atravessar o oceano Atlântico e recomeçar a vida em outro continente. Foi em busca desse sonho que 2.240 pessoas embarcaram no Titanic, o maior navio jamais construído até então. Nele estavam crianças, adultos e velhos. Jovens sonhadores e famílias inteiras. Gente de toda parte do mundo com todo tipo de passado e uma nova perspectiva de futuro.

O Titanic saiu do porto de Southampton no dia 10 de abril de 1912. Quatro dias mais tarde, por condições atmosféricas ou por irresponsabilidade da tripulação, o navio naufragou nas gélidas águas do Atlântico levando mais de 1.500 pessoas com ele.

(Foto da viagem inaugural do imenso Titanic)

Da história do Titanic muito se sabe. Do desespero que passaram as pessoas que estavam ali dentro ao ver o que estava acontecendo muito se imagina. Por mais explorada que esteja, a história da viagem desse enorme navio transatlântico ainda chama minha atenção.

(Réplica em escala real do Titanic)

Tive certeza disso depois de visitar a exposição sobre o Titanic aqui em Sevilha (Pabellón de la Navigación, aberta até o dia 7 de abril. Entradas a 10 euros - segundas-feiras a entrada sai por 5 euros. Mais informações nesse link). Sinceramente, eu esperava que tivesse mais objetos e mais reproduções dos ambientes do navio. Ainda assim, me parece absurdo pensar que tudo o que estava a minha frente eram documentos de pessoas que passaram por aquilo ou materiais retirados do fundo do mar.

(Espreguiçadeiras dos pátios do navio e conjunto de porcelanas usados nos jantares de luxo)

Ainda mais interessante do que ver os objetos e imaginar como um navio daquele tamanho naufragou é escutar a história de alguns dos seus passageiros. A história do Titanic são as histórias de quem estava a bordo. Algumas são realmente incríveis como a de Margaret Brown, uma estadunidense muito rica que devido ao seu espírito de liderança ajudou muitas mulheres a entrarem nos botes salva-vidas. Algumas horas mais tarde, quando encontraram ao Carpathia, ela foi uma das principais lideranças na organização da lista de sobreviventes, da comunicação entre os tripulantes (por falar mais de uma língua) e mais tarde mandou encomendar uma medalha para cada um dos tripulantes do Carpathia, por toda a ajuda.

(A "inafundável" Margaret Brown e foto de um bote com sobreviventes do Titanic)

A verdade é que os botes podiam suportar cerca de 1.200 pessoas, pouco mais da metade da tripulação. Além da falta de equipamentos de segurança para todos, o desespero das pessoas foi tão grande que muitos botes não navegaram com uma capacidade ainda menor.

(Maquete dos botes que deveriam salvar a vida dos tripulantes do Titanic)

Outra história digna de cinema é a de Rosalie e Isidor Straus, um rico casal alemão. Assim que o navio bateu no grande iceberg, eles foram levados ao ginásio para tentar entrar em um dos botes. Como a ordem era a de esperar que todas as mulheres e crianças ocupassem os lugares nas pequenas embarcações, Isidor não aceitou sentar-se ao lado de sua mulher. No mesmo instante, Rosalie deixa o bote dizendo que passou toda a vida com seu marido e não iria onde quer que ele fosse. Os dois então se sentaram em uma das espreguiçadeiras do convés e seguiram abraçados, esperando juntos a sua morte.

(O casal Straus causou comoção na comunidade judia)

Como hoje em dia é quase impossível pensar em Titanic sem se lembrar do filme, a exposição faz referência a algumas passagens do longa metragem e desmitifica verdades e mentiras. Para os amantes da história de amor entre Jack e Rose, sinto-lhes informar que aquilo é mentira. O caso foi inspirado em diversos incidentes e personagens que existiram mas a história em si não é real. Na exposição explicam que o caso que deu maiores bases para a criação do casal foi inspirados na história de um casal que se casou contra a família. O marido queria dar uma vida melhor a sua esposa e por isso embarcou no Titanic, com a intenção de recomeçar tudo do outro lado do oceano. O homem deu um colar para sua mulher dias antes de partir (muito menor que o do filme).


(Réplicas de alguns dos ambientes do barco. Na primeira foto, o corredor que dava passagem aos camarotes de primeira classe. Na segunda foto, um salão privado)

Uma da histórias verdadeiras é a dos músicos. Em uma tentativa de acalmar a todos - e a si mesmos - pararam de correr e começaram a tocar. Alguns sobreviventes relatam que no meio de toda a confusão, ainda escutavam os acordes de uma linda canção, o hino Nearer, My God, to Thee (algo como "mais perto de ti, senhor").

(O navio e a sala de comunicação de onde foram passadas as primeiras informações sobre o naufrágio)

Outra parte super interessante da exposição é o enorme bloco de gelo com ares de iceberg. A maior parte das pessoas que não se afogaram, mas morreram por hipotermia ou congelamento. É fácil entender como isso é possível deixando a mão por alguns segundos ali no gelo... A dor é insuportável.

(Réplica de um quarto da 3ª classe)

(Pintura da famosa escadaria da sala de jantar)

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