segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Cidade Monumental - parte 2

O eixo monumental é a região mais atrativa de Brasília, principalmente para um turista. Mas dentro do próprio eixo estão dois pontos que concentram quase tudo o que um turista quer encontrar na cidade. Uma delas é a Esplanada dos Ministérios. O número de prédios de um lado é maior que do outro, pois à direita, antes de começar os ministérios, há uma série de construções importantes. A primeira é o prédio da Biblioteca Nacional, um retângulo gigante que guarda bem estruturada biblioteca pública (mas que apesar da internet wifi e das áreas como espaço para criança e sala de estudos, não tem lá muitos livros).

(Vista do Museu Nacional Honestino Guimarães, preparado para receber o festival Cena Contemporânea)

Mais a frente está o Museu Nacional Honestino Guimarães, mais conhecido como "o ovo" devido ao seu formato de iglu branco. Oscar Niemeyer fez o projeto nos anos 1970, mas o museu só foi inaugurado em 1999. A cúpula de quase 90 metros de diâmetro guarda um enorme espaço do lado de dentro, que recebe exposições temporárias, e um térreo com dois auditórios.

("200 anos das Independências em 200 retratos de escritores". Exposição - genial - do fotógrafo argentino Daniel Mordzinski) 

Logo ao lado está a Catedral Metropolitana de Brasília. Iniciada em 12 de dezembro de 1958, ela foi o primeiro monumento a ser criado na cidade. Da área circular feita no chão saem 16 colunas de concreto branco que se juntam em um certo ponto e depois voltam a se abrir, mais ou menos como uma bússola assimétrica.

Eu sempre achei a obra linda. Em primeiro lugar, pela arquitetura em si, e em segundo lugar, pela genialidade do Oscar Niemeyer em fazer um símbolo tão comum como uma igreja tomar uma forma totalmente diferente. Mas nunca imaginei que do lado de dentro ela fosse ainda mais bonita. Apesar de parecerem pretos do lado de fora, os vidros que recobrem a Catedral formam um mosaico branco, azul e verde quando a luz do sol bate.

(Belo por dentro e por fora)

Agora uma curiosidade que não sei se todos sabem: experimente ficar no fim de uma das paredes circulares da Catedral e coloque um amigo do outro lado. Então, converse com ele em tom normal. Apesar da enorme distância, o som chega até o outro lado sem dificuldade, devido à acústica do local.

Caminhar pela Esplanada dos Ministérios pode ser um trabalho árduo pois o sol não descansa nunca e as árvores não ajudam. Mas o conjunto da obra vale a pena. No caminho, prédios super interessantes como os palácios da Justiça e Itamaraty compõem a paisagem.

(O Ministério das Relações Exteriores, mais conhecido como Palácio do Itamaraty)

Lá na frente, o imponente Congresso Nacional. Não sei se alguém já fez um ranking das construções de Niemeyer e na verdade pouco me importa: para mim, essa é a obra máxima da sua carreira. Ela não é a mais bonita, mas é a que apresenta um maior simbolismo.

(Obra prima de Niemeyer é símbolo maior de Brasília)

O Congresso Nacional pode ser visitado todos os dias, de 9h30 às 17h. E para dar mais informações aos turistas (ou para impedir que as pessoas transitem com liberdade pelo local) as visitas são guiadas e acontecem de 30 em 30 minutos.

Niemeyer desenhou o Congresso para que ele de fato representasse a forma como o Brasil é governado. A semiesfera do lado esquerdo é o assento do Senado e ela está virada para baixo pois os senadores não são eleitos pelo povo. A semiesfera do lado direito é a Câmara dos Deputados e está virada para cima pois é o povo quem escolhe seus líderes, que têm de estar abertos à população. O tamanho de cada uma das copas também representa simbolicamente o número de políticos que compõem cada uma das partes. No meio, dois prédios de 28 andares com onde funcionam a administração das duas casas legislativas, conectados por uma passarela.

(Senado e Câmara dos Deputados. Em tempo de reforma, é férias pra todo mundo. Espertinhos eles, não?)

Durante a visita, dois pontos chamaram mais atenção. O primeiro é um túnel do tempo com painéis de todos os senadores do Brasil, desde 1822. Entre os achados estão reproduções de pinturas históricas, como a da Princesa Isabel recebendo o título de primeira senadora do país, e fotos da inauguração do Congresso Nacional.

Outro ponto interessante é o Salão Verde, um espaço de convivência cheio de obras de arte como o painel azul e branco de Athos Bulcão, intitulado Ventania. Para fazê-lo, Athos escolheu 4 tipos de azulejo e pediu aos operários que construíam o local para dispor as cerâmicas desordenadamente, de forma que azulejos parecidos não ficassem perto um do outro. Outro aspecto que vale a pena observar é a estante que fica a direita de quem entra no salão. Ela guarda os presentes que as comissões internacionais doam ao brasil sempre que vão visitar a sede do governo da capital. Entre as obras estão pratos, esculturas e joias.

Atrás está a Praça dos Três Poderes, um amplo espaço aberto entre o Congresso Nacional, o Palácio do Planalto e o Supremo Tribunal Federal, edifícios que correspondem aos poderes legislativo, executivo e judiciário, respectivamente. A praça tem atrações interessantes como o Espaço Lúcio Costa, que guarda uma maquete em escala real do plano piloto de Brasília. O Panteão da Pátria, construído para abrigar restos mortais de figuras ilustres para a política nacional, também seria um desses locais... se estivesse aberto. De toda forma, do alto da pira dá para se ter uma vista interessante da Praça.

(Ao fundo, o Panteão da Pátria, ao fundo, e em primeiro plano, a escultura Os Candangos, de Bruno Giorgi. A peça é uma homenagem aos mais de 80 mil trabalhadores, os verdadeiros responsáveis por Brasília)

O último ponto do eixo monumental é o Palácio da Alvorada. A construção está bem distante das outras e, pensando friamente, não vale a visita. Há uma distância máxima na qual o visitante pode se aproximar que não deixa ver absolutamente nada além do lindo edifício de três andares no qual reside o presidente do Brasil. Na verdade, eu concordo com essa atitude, pois abrir o espaço ia interferir na privacidade dos moradores (imagine sua casa sendo invadida por bandos de turistas de hora em hora...). Acabei indo até lá pois sempre tive a curiosidade de ver a obra com meus próprios olhos - e, quem sabe, ver a Dilma Rousseff dando umas voltinhas pelo gramado.

(Palácio da Alvorada e a imensidão sem curvas do Planalto Central)

A linda mansão está às margens do Lago Paranoá e tem um terreno de 36 mil m², 8 quartos, obras de arte, heliponto, capela, campo de futebol, piscina olímpica, espaço com churrasqueira e bar. A vigilância 24 horas conta ainda com um guarda fardado, ao melhor estilo inglês, sempre de prontidão. Depois de ver um espetáculo arquitetônico inteiramente nosso, fica duro de engolir aquele guardinha-estilo-exportação.

Nenhum comentário:

Postar um comentário