Um rio é todo um mundo. Mundo incompreensível para quem não vive a sua realidade. Realidade de cheia, realidade de seca. Realidade de água. Eu não entendia a realidade do São Francisco, mas ainda assim estava ansiosa por conhecê-la ao longo do projeto Cinema no Rio. Afinal, um curso d’água chamado de "Integração Nacional" em um país tão enorme quanto o Brasil seria, no mínimo, importante. E grande. E forte. Um mundo, como todo rio deve ser.
Esse lindo Velho Chico é mesmo isso. Em Pirapora ele não é tão grande, mas se ali ele já está daquele tamanho, com certeza vai se tornar maior. E é incrível imaginar que ele ainda vai atravessar Minas Gerais, ir para a Bahia, passar por Pernambuco, Alagoas e terminar no Sergipe. Por isso digo que quando o vi pela primeira vez eu não percebi, mas entendi, principalmente, a sua grandeza.
E entendo ainda mais ao longo dos dias. Escolhi, não por menos, a beliche de cima, a única do minha cabine com vista para esse rio-mar. Acordo todos os dias com a luz do sol refletida no rio diretamente nos meus olhos, através da janela ao lado do meu travesseiro.
Aqui, a relação que tenho com o São Francisco pode ser tudo, menos superficial. Viajo no barco, como no barco, durmo no barco. Convivo com uma tripulação composta por pessoas que já viajaram por ele outras vezes ou que vivem do rio, da pesca ou da navegação.
A primeira vez que içamos âncora foi no trecho Pirapora-Barra do Guaicuí, dois dias depois da nossa chegada. De carro, o percurso pode ser feito em 30 minutos, mas de barco são pelo menos duas horas.
- Porque heim, capitão?
- Porque o rio é sinuoso, aí a gente tem que ir assim ó – e fez um movimento com as mãos em zig zag.
Assim seguimos por todas as cidades. Duas horas de viagem, três, quatro. Longe de achar a demora um problema, acho genial. Tão raro, mas tão bonito, quando é o homem que obedece a natureza, e não o contrário. É por isso que, as vezes, prefiro não ligar meu mp3 ou escutar música. O barulho do motor é a trilha desse e de mais tantos dias no barco, dias que eu passo escrevendo, fotografando, conversando, observando a correnteza.
No meio do caminho, a gente vê canoas de pescadores e barcos de gente que realmente usa o rio para se locomover. Quando passa um desses, a tripulação acha normal. Alguns de nós, ao contrário, corre para tirar uma foto. Parecemos estrangeiros dentro do próprio país. Estamos mesmo em um novo mundo.
(Essa foto dá uma ideia geral da largura do Velho Chico, ainda em Pirapora)
Esse lindo Velho Chico é mesmo isso. Em Pirapora ele não é tão grande, mas se ali ele já está daquele tamanho, com certeza vai se tornar maior. E é incrível imaginar que ele ainda vai atravessar Minas Gerais, ir para a Bahia, passar por Pernambuco, Alagoas e terminar no Sergipe. Por isso digo que quando o vi pela primeira vez eu não percebi, mas entendi, principalmente, a sua grandeza.
E entendo ainda mais ao longo dos dias. Escolhi, não por menos, a beliche de cima, a única do minha cabine com vista para esse rio-mar. Acordo todos os dias com a luz do sol refletida no rio diretamente nos meus olhos, através da janela ao lado do meu travesseiro.
(De manhã, depois de acordar, essa é mais ou menos a vista que tenho do barco)
Aqui, a relação que tenho com o São Francisco pode ser tudo, menos superficial. Viajo no barco, como no barco, durmo no barco. Convivo com uma tripulação composta por pessoas que já viajaram por ele outras vezes ou que vivem do rio, da pesca ou da navegação.
A primeira vez que içamos âncora foi no trecho Pirapora-Barra do Guaicuí, dois dias depois da nossa chegada. De carro, o percurso pode ser feito em 30 minutos, mas de barco são pelo menos duas horas.
- Porque heim, capitão?
- Porque o rio é sinuoso, aí a gente tem que ir assim ó – e fez um movimento com as mãos em zig zag.
(O Benjamin Guimarães, único vapor desse tipo no mundo, já faz parte da paisagem de Pirapora)
Assim seguimos por todas as cidades. Duas horas de viagem, três, quatro. Longe de achar a demora um problema, acho genial. Tão raro, mas tão bonito, quando é o homem que obedece a natureza, e não o contrário. É por isso que, as vezes, prefiro não ligar meu mp3 ou escutar música. O barulho do motor é a trilha desse e de mais tantos dias no barco, dias que eu passo escrevendo, fotografando, conversando, observando a correnteza.
No meio do caminho, a gente vê canoas de pescadores e barcos de gente que realmente usa o rio para se locomover. Quando passa um desses, a tripulação acha normal. Alguns de nós, ao contrário, corre para tirar uma foto. Parecemos estrangeiros dentro do próprio país. Estamos mesmo em um novo mundo.
(O pôr do sol no Velho Chico)