segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Dia de praia em Salvador

Com um céu sem nuvens e um sol de mais de 30 graus, era quase impossível ver o mar e não se imaginar dentro dele. Foi por isso que no nosso último dia na capital baiana resolvemos não pensar em nada que não incluísse a tríade sol, sombra, mar e água fresca - e, claro, tudo o que vem nas suas entrelinhas, como água de coco, peixe frito, natureza, surf music, etc.

(Em dia de praia eu fico quase como essa criança prestes a pular no mar)

As melhores praias de Salvador são as praias do norte. Em primeiro lugar, são menos poluídas e todas próprias para banho. Em segundo lugar, têm menos movimento e são mais agradáveis. A luta por um espaço de areia para fincar o seu guarda sol se torna menos cansativa. Em terceiro lugar, a praia do Flamengo é uma das únicas (senão a única) na qual os proprietários conseguiram se adaptar ao pedido do Ministério Público Federal e manter barracas de praia de acordo com a lei. Para nós, reles turistas sem os aparatos necessários, era necessário encontrar um local com sombra.

Saímos de Ondina por volta das 9h e chegamos a praia do Flamengo uma hora depois. Mais especificamente à Barraca do Lôro, um espaço grande e muito bonito que, em certos momentos me lembrou as barracas de Jurerê Internacional em Florianópolis por causa das suas cadeiras e mesas de madeira, seus sofás acolchoados e suas cortinas esvoaçantes. Devidas as proporções, a Barraca do Lôro é super confortável e passamos o dia lá olhando para o nada e comendo peixe.


(Charme e tranquilidade na Barraca do Lôro. Segunda foto tirada desse link)

A praia também é linda. O mar é azul claro e tem ótimas ondas. Inclusive, é um ponto procurado por surfistas e por praticantes de outros esportes como kitesurf. Para quem já está dentro do mar, vale a pena se virar de costas para ele e dar uma olhada na praia. Os coqueiros cobrem toda a orla, menos nos pontos em que a paisagem é tomada pelos guarda-sóis coloridos.

Legado musical

Depois de uma dia manso, fomos para a praia de itapuã ver o visual que há anos encantou Toquinho e Vinícius de Moraes, autores da conhecidíssima Tarde em Itapuã. Entoando a música na minha cabeça, esperei ver a praia que os versos cantavam... mas admito que a única coisa que pensei foi em como ela devia ser mais bonita na época deles. A praia em si ainda é muito bonita e o farol, pintado em listras vermelhas e brancas, é o charme do local. Mas a entrada à praia está bem deteriorada e o lixo no local é imenso. Além disso, o som do axé que invade a faixa costeira não combinava em nada com a paisagem local.

(Passar uma tarde em Itapuã ainda é bom?)

A fama da praia se confunde com a do mestre Vinícius de Moraes, um dos maiores compositores da música brasileira. Apesar de morar no Rio de Janeiro, Vinícius tinha uma casa em Itapuã onde se refugiava. é por isso que ali perto o governo construiu uma praça em sua homenagem. Além de ter a estátua em tamanho real mais famosa do compositor, os seus poemas mais famosos estão gravados em placas de metal e presos ao muro da praça para quem quiser apreciar.

(Conversando com o poeta e tentando descobrir como era Itapuã quando ele morava por lá)

Papo noturno

Saímos todas as noites a lugares diferentes. No primeiro dia fomos a um dos famosos bares Habeas Copos. O primeiro foi criado no Pelourinho á época da ditadura militar e era frequentado por diversos artistas. O nome vinha do pensamento questionador do proprietário, que dizia que "já que os corpos não podem ser livre, que ao menos sejam os copos".

(Proposta libertária - e um frango frito delicioso!)

No segundo dia fomos ao São Jorge Botequim, no quarteirão mais boêmio da cidade, Rio Vermelho. O local e famoso pelos shows. A programação é extensa e tem gente de todo o canto, mas o carro chefe é o samba. Naquele dia, o preço por pessoa era de 20 reais. Mas como só íamos comer, ficamos do lado de fora. Um esquema engraçado pois todos ali continuavam escutando a (boa) música que saía lá de dentro.

E no último dia, fomos a um restaurante na praia da Barra para comer caranguejo, prato famoso na capital baiana. Mas como caranguejo não é comida, é diversão (da carne mesmo se aproveita pouco) pedimos peixe ao molho de camarão também.

(Na pracinha de Rio Vermelho)

Todos os dias, caminhamos um pouco antes de voltar pro hotel, sentindo a maresia de Salvador. Não sou uma pessoa que se importa com isso. Nem com seu cheiro nem com a sensação que ela deixa na pele. Ao contrário, acho que a maresia é uma forma de não me esquecer que estou na praia quando é noite, quando não tem sol e quando não dá pra ver o mar. Voltava todos os dias para o hotel lembrando que amanhã era dia de ver o mar. No último, lembrei que não seria assim, mas com a certeza de ter aproveitado a viagem. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário