sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Sete segredos de Bologna

Quando penso em quem Bologna seria se fosse uma pessoa, na hora me vem à cabeça uma mulher belíssima e charmosa, elegante e decidida, mas também divertida e libertária, além de muito misteriosa.

(O encanto da noturna Bologna, antes das suas ruas encherem de pessoas. Foto tirada desse link)

A beleza está nos seus monumentos e na sua riqueza de detalhes, enquanto a imponência de suas antigas construções traz a elegância. A sua reconhecida importância política ao longo da história não nós deixa esquecer de sua força. E a agitação da cidade, as ruas movimentadas e sempre ocupadas por jovens a deixa com uma certa leveza. Os seus mistérios estão nos pequenos becos, vielas e praças pouco lembradas, com as quais nos deparamos quando nos perdemos - propositalmente ou não - pela cidade. Mas os mistérios estão também nos sete segredos que dão a Bologna um charme a mais.

Nenhuma das minhas visitas escapou desses segredos. Ninguém sabe a veracidade dos fatos, mas eles com certeza deixam o passeio turístico ainda mais interessante e gostoso de ser feito.

- O primeiro envolve a Fontana Del Nettuno, da qual já falei no post anterior. Dizem que seu escultor, Giambologna, pretendia fazer um avantajado órgão genital em Nettuno, mas foi proibido pela Igreja. Para afrontá-la, Giambologna projetou a estátua de forma que de um ângulo específico (alguns falam que este ângulo era bem na saída de um antigo convento) o dedo da mão esquerda de Nettuno estendida parecia ser seu pênis ereto. Alegando que tal estátua constrangia as senhoras da época, a Igreja quis colocar no Nettuno calças de bronze, mas ele nunca as vestiu. A fonte tem ainda outro elemento com forte carga erótica, também criticado: as ninfas que jorram água pelos seios.

(Bem erótico não? Foto tirada desse link)

- O segundo segredo é conhecido como “os arcos comunicantes da Piazza Maggiore” ou “as quatro colunas”. É meio difícil explicar, mas vamos lá. Em frente à Basilica di San Petronio fica um edifício civil, construído por volta de 1.200, chamado Palazzo Del Podestà. O piso inferior desse palácio é aberto, com várias saídas e passagens, inclusive uma que vai da Piazza Maggiore para a Piazza Del Nettuno. No encontro dessas passagens existe um quadrado formado por quatro colunas com quinas. Se você falar, cochichar, com o rosto virado para uma coluna, de costas para o centro do quadrado, a pessoa posicionada na sua diagonal oposta, também de costas para o centro, é capaz de te ouvir graças ao “poder comunicante” dos arcos que ligam essas colunas. Pode parecer balela, mas é fato. Eu já testei. Só não sei explicar o mecanismo, mas que funciona, funciona. A lenda diz que nesse quadrado já foram feitos julgamentos. O réu ficava no centro enquanto os juízes, posicionados nas diagonais, podiam se comunicar antes de dar o veredicto.

(Foto tirada desse link)

- Fincadas sobre um antigo pórtico de madeira, localizado na Strada Maggiore, estão duas flechas. A lenda diz que um Conde que viajava muito estava desconfiado de que sua amada Condessa o traía e contratou arqueiros para matar o amante. Os arqueiros estavam a postos para cumprir a missão, quando, ao invés do amante, aparece na janela a Condessa nua. Assustados, os arqueiros, ao tentarem desviar o ataque, atingiram o pórtico logo acima da sacada onde a adultera se encontrava. Ainda hoje as flechas estão lá, como prova dessa traição histórica.

- No início da Via Indipendenza, entre quatro escrituras que embelezam um pórtico e falam de trigo e centeio, uma delas faz alusão à maconha. Os escritos aparecem também no chão. Pode ser que em algum momento também a canabis tenho sido ingrediente dos pães bolonheses. Ou não. Nunca se soube o autor de tal obra.

(Canabis Protecto. Foto tirada desse link)

- Existe em Bologna uma pequena Veneza escondida. Da Via Piella é possível ver um dos canais que passa por baixo da cidade. A vista lembra mesmo a paisagem veneziana, porém, devo admitir, com bem menos beleza e charme.

(Um deleite para os curiosos. Fotos tiradas desse link)

- O sexto segredo não tem tanta graça e esse não pude ver para crer. Dizem que em uma das torres tem um vaso quebrado incrustado na parede. Não conheci ninguém que o tenha encontrado. E mesmo subindo a torre atenta a cada cantinho, eu não vi nada, nadinha. Só se estiver na outra torre, a menorzinha. Alguns dizem que o tal vaso está ligado à maldição que gira em torno dos universitários que sobem a torre antes da conclusão do curso.

- E finalmente, o último segredo: a ausência do sétimo segredo. Na verdade, todos dizem que ele existe, só não conheci alguém que saiba exatamente o que é. Pode ser uma boa desculpa para visitar Bologna. Imagina desvendar esse mistério, o que até hoje ninguém conseguiu? Se descobrir, vai, por favor, me conta!

Veja o outro post de Júnea Casagrande sobre a charmosa (e por vezes misteriosa) Bologna nesse link!

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