quinta-feira, 2 de junho de 2011

Opulência em Mônaco

Luxo. Riqueza. Pompa. Tudo o que já falaram para você sobre os ricos de Mônaco é verdade. Os moradores do segundo menor país do mundo vão ao supermercado com suas bolsas Luis Vitton e seus óculos Ray Ban. Almoçam em restaurantes de luxo da mesma forma que compramos casquinhas no McDonalds. Saem a noite para diversões banais, como cassinos e festas de alto padrão. Entrar em uma boate que pede mais de 100 euros só para respirar lá dentro não lhes parece, de forma alguma, um exagero.

(Sem pressa, moradores e turistas descansam no Café de Paris, o local mais famoso e requisitado para um "rendez-vous")

No Principado de Mônaco, todos são assim. Mas no que concerne a personalidade existem dois tipos de ricos. O primeiro é o tipo extravagente. Adora dizer que tem um flat na cidade e reprime os pobres mortais que nunca sairão da rotina casa-trabalho-televisão. Ele passeia com sua Lamborghini para cima e para baixo, só para aparecer.

O segundo é o tipo humilde (sim, humilde). Acha tão normal ser rico que se impressiona e até fica vermelho quando alguém afirma "noooossa.... você mora em Mônaco... que luxo!". Usa roupa de grife e vai em balada cara por hábito, porque gosta da qualidade desses locais. Ele passeia com sua Lamborghini para cima e para baixo porque precisa se locomover.

(Por fora e por dentro. O chiquérrimo Moods Studio & Music Bar foi inaugurado com a presença do príncipe (se bem que o país tem cerca de 2km quadrados. Onde mais ele iria?). Foto a direita tirada desse link)

Mas morar em Mônaco é mesmo viver em um mundo paralelo. Assim que você atravessa a fronteira já é possível perceber. A diferença aparece de uma rua para a outra. Se de um lado há cidadezinhas francesas agradáveis, naturalmente bonitas, do outro você já vê prédios de luxo, paredes de mármore, vidros fumê, ruas impecáveis, canteiros podados e jardins bem cuidados.

Mais no centro do país, luxo total. Fontes luminosas, flores coloridas, arquitetura preservada. Os hotéis e restaurante têm detalhes dourados. Os funcionários estão sempre bem arrumados e prontos a abrir a porta de um Jaguar para o cliente. Carros. Sim, você esbarra em Ferraris e BMWs.

(Conhecemos um monegasco em Aix-en-Provence que tinha um jaguar com apenas 19 anos. Ele disse que era ralé perto dos amigos... Oi? Foto tirada desse link)

O país caminhou em cima de um tapete vermelho durante toda a sua história. A começar pela monarquia, que trouxe tradições de elite. E o governo muito se interessava pela ascenção do local. O divisor de água veio em 1861, quando o príncipe de Mônaco, Carlos III, chamou a atenção da alta sociedade internacional e pediu que todos contribuíssem para o progresso econômico do Principado. Desde então foram construídos casinos e hotéis de luxo. Como uma bola de neve, a riqueza atraiu pessoas, que atraiu mais riquezas, que atraiu turistas, que atraiu mais riqueza...

Hoje, a pompa faça parte dos monegascos, que nascem e vivem em berço de ouro. Ou talvez seja simplesmente uma vontade de ser e se manter assim. O fato de o país ser um paraíso fiscal também ajuda. Afinal, não há lugar melhor para um investidor morar do que em um país aonde eles não estão sujeitos a impostos.

A riqueza deslumbra. Principalmente os turistas, que gastam fortunas nesse pequeno país. Ir para Mônaco deixa uma ponta de vontade de ser como um deles, usar suas roupas, dirigir seus carros, morar em apartamentos com vista para o Porto, cheio de iates luxuosos.

(O porto de Monte Carlo e seus barquinhos... humpf!)

Ou não. Imagine um grupo como o nosso: três reles estudantes de intercâmbio que contaram os centavos para alugar um twingo. Até podíamos fazer uma extravagância, sentar em um bar, tomar um café à 4 euros. Mas jamais pagaríamos 30 para um prato do dia ou mesmo 10 para se divertir em um cassino. Ficamos tristes? De forma alguma. Passeamos muito e nos divertimos um outro tanto. "No dia em que tiver o meu barco..." ou "Quando comprar a minha Ferrari..." eram frases correntes. Sabíamos que era ilusão. E nos divertíamos com o fato.

(Desenhado por Charles Garnier, o mesmo arquiteto que projeto a Opera House de Paris, o Casino de Monte Carlo é ponto alto do passeio - claro que deve ser muito mais doido pra quem entra...)

Se os tipos de ricos em Mônaco são dois, os turistas também são: igualmente ricos ou classe média sem grandes expectativas. Quem vai sem muito dinheiro achando que pode passar uma semana de glamour vai acabar frustado. No nosso caso, foi exatamente o contrário. Sem contar que vimos muita gente metida, pessoas que nos julgavam por nossas roupas e garçons que não nos atendiam por puro preconceito. E ao fim do dia, uma certeza: Mônaco não é pra nós. Que bom.

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