sexta-feira, 6 de maio de 2011

Cercada por história e imensos e nevados alpes franceses

A primeira coisa que as pessoas costumam fazer ao chegar em Grenoble é olhar para cima, encantadas com os imensos e nevados alpes franceses que circundam a cidade. A altitude média do maciço montanhoso francês é de 1.300 metros, podendo chegar a quase 2.000 pelas redondezas. Isso sem contar o Mont Blanc, em Chamonix (a 120 km de Grenoble), que com 4.808 metros constitui-se como o ponto mais alto da Europa ocidental. Pela altura e pelo clima, as montanhas ficam cobertas de branco o ano todo. Uma imagem ainda mais atrativa para uma brasileira que nunca tinha visto neve na vida.

("Ao fim de cada rua, uma montanha", disse o famoso escritor francês Stendhal. Foto tirada desse link)

Com os olhos de volta aos 1,62 metros de altura, é interessante observar como as montanhas influenciaram na construção da cidade. Os primeiros relatos sobre a existência de Grenoble remontam ao ano 43 a.C. Saída estratégica para a Itália, a pequena vila foi se desenvolvendo ao ponto de se tornar, no século XI, a capital de um estado independente no meio do santo Império Romano alemão. Ao longo de sua história a cidade sofreu ataques e foi alvo de conflitos e guerras, tanto pela sua posição estratégica quanto pelo seu poder econômico. Durante o período medieval, diversas fortificações foram construídas com o intuito de proteger a cidade e seus habitates.

(O teleférico já foi quadrado, branco, já foi um só. Hoje ele é assim)

A influência desse período é forte. Esse é o motivo pelo qual, inclusive, a parte histórica de Grenoble é tão pequena: até o fim do século XIX, ela ainda estava cercada por muralhas fortificadas. Hoje, é possivel encontrar vestígios romanos e arquitetura medieval por toda a cidade. Um desses vestígios é o ponto turístico mais célebre do local: o forte da Bastilha. É a construção mais alta da cidade e visível de diversos pontos da cidade.

O local foi um importante edifício militar de proteção. As muralhas datam do século XVI, mas o forte em si foi construído entre os anos de 1823 e 1848 pelo general Haxo. Em 1934 o governo da cidade inaugurou o teleférico. O passeio custa 5 euros por pessoa e depois de 260 metros de subida é possível ter uma visão panorâmica da cidade. Lá em cima é possível ver fotos da construção desse que foi um dos primeiro teleféricos urbanos do mundo e também do forte da Bastilha.

(Vista panorâmica da cidade pela manhã e ao cair da noite. Fotos do alto do forte da Bastilha, tiradas desse e desse links)

Lá embaixo, legal mesmo é andar pelo centro histórico, sem pressa. A arquitetura local mistura o Renascimento ao período gótico europeu e traz alguns pontas valem o passeio. Um deles é a praça Saint-Andre, onde está o antigo parlamento da cidade, com uma linda fachada. Outro ponto interessante é a Catedral de Notre-Dame de Grenoble, construída no século XIII e ornada com ouro nas cenas da vida de Jesus. A catedral, que serviu de casa para padres e bispos, é colada à Igreja de Saint-Hugues.

A fonte das três ordens é uma das mais bonitas da cidade. Foi inaugurada em comemoração aos eventos pré-revolucionários de 1788 que, mais tarde, iriam culminar na adesão à Revolução Francesa. Para dar uma relaxada, a ideia é ir à Praça Victor Hugo. Como estávamos em novembro, a praça abrigava uma grande Feira de Natal, onde os visitantes podiam comer pratos típicos do país e comprar mil e uma coisas, de temperos raros a chapéus para suportar o frio (que em Grenoble é ainda maior).

(Temperos mil e salsichas populares. No primeiro dia provamos a Tartiflette gratinada. O preço nos mercados de natal são mais caros. Mas a pequena marmita de 6 euros valeu todos os centavos)

As pequenas curiosidades estão em todo lugar: em uma pequena praça perto dali tinha um homem que desenhava um papai noel a partir de um grande bloco de gelo, usando motoserras, facas e fogo. Mas não fui capaz de reparar nas suas habilidades artísticas porque enquanto assistía a única coisa em que conseguia pensar era "como esse homem aguenta fazer isso tudo sem luvas?". E mesmo com calça termica, duas meias, bota, quatro blusas e luva, tremia de frio por ele.

A cidade sabe conciliar muito bem a história com a modernidade. Não que o centro seja cheio de prédios novos e enormes arranha-ceus. Ao contrário: é o ritmo da cidade, intensa, que não se deixa diminuir pelas marcas do passado. Ao longo das ruas, centenas de bares, restaurantes e casas noturnas. Grenoble está cheia de vida.

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