quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

A charmosa Clermont

No primeiro post sobre Clermont-Ferrand falei um pouco da cidade e dos seus 2 mil anos de história. Durante esses 20 séculos, a vila foi acumulando monumentos, igrejas e lugares a serem visitados. O primeiro ponto é a Place de Jaude, obrigatório e irremediável: uma hora ou outra você vai cair nela, mesmo que não queira. A praça é o ponto de encontro da cidade não só por ser um espaço central como também por abrigar uma infinidade de lojas, shoppings, centros comerciais, bancos e restaurantes.




(É lá que estão, entre outros, o shopping, a ópera (que está em obras até o ano de 2013) e as Galerias Lafayette)




Apesar das lojas modernas e da aparência de que acabou de ser construída, alguns historiadores acreditam que ela já existia durante o período romano, sendo o centro mais urbanizado da época. Desde então, a praça já foi de parque a espaço para feiras. Em 1999, a praça sofreu mais uma transformação para dar passagem à primeira linha de trem da cidade. As obras terminaram em 2006 e a praça ganhou ares do século XIX, quando ela era totalmente voltada aos pedestres.

Se a ideia é continuar ao ar livre, ali perto está o Jardim Le Coq, ou Jardim o Galo. Com uma área de 5 hectares, o jardim apresenta árvores e flores típicas da região. O local é bastante frequentado. O francês (ou seria o europeu de um modo geral?) usa bastante os lugares públicos. Aqui no Brasil, talvez por medo, a maioria dos parques e praças são pouco utilizados. Ficam cheios nos fins de semana e só. Na França, se há sol, tem gente.

(Dentro do jardim há banheiro público, playground, restaurante e lago com alguns animais)

Grupos de amigos, casais de namorados, adoradores do esporte, estudantes e seus livros, crianças com bicicletas, famílias com cestas de pic nic. Durante o verão o parque sempre tem alguém, não importa a hora do dia. No inverno tudo muda. O frio e a neve cobrem as flores e impedem as pessoas de ficarem em lugares abertos por muito tempo. Ainda assim, se o frio de -2 abre espaço para o sol, por vezes tímido, não dá outra: o parque vira primeira opção de passeio.

Entre os monumentos históricos, o mais célebre é a Catedral da cidade, Notre Dame de l'Assomption (mais sobre a igreja nesse post). Enorme, a igreja pode ser vista praticamente de qualquer ponto da cidade. A cor negra é fruto da pedra usada na sua construção, de origem vulcânica. A rue de Gras, que sobe a Catedral, é uma das mais encantadoras ruas da cidade. Cheia de comércio e movimento, os restaurantes e bares ao lado deixam suas mesinhas do lado de fora durante os dias quentes para quem quiser parar, respirar e comer algo.

(Foto tirada desse link)

Outra viela charmosa é a rue du Port, com seus caminhos tortuosos e lojas escondidas. Lá você encontra brechós, chocolaterias e uma lojinha só de ursinhos, administrada por um aficcionado pelas pelúcias. A rua leva à igreja de mesmo nome: a basílica romana de Notre Dame du Port. Patrimônio Mundial da Unesco, ela foi construída no século XII. Apesar de modesta, a igreja abriga uma arquitetura singular e uma série em pedra que representa a tentação de Eva pela serpente.

(A igreja de um ângulo que nem todos conseguem ver. Foto tirada desse link)

No fim da rue du Port encontra-se a fonte de Amboise. É a mais bela e mais antiga fonte de Clermont e deve seu nome ao bispo Jacques d'Amboise, o idealizador do projeto que terminou em 1511.

De lá, siga em direção ao centro da cidade e se perca um pouco pelas pequenas vielas de chão preto e muros escuros. Por ser relativamente plana mas não o suficiente a ponto de causar apatia, caminhar pelas ruas de Clermont nos faz realmente acreditar que estamos mesmo na França. Não a França parisiense, grandiosa, mas aquela do interior, pacata, aconchegante e bela.

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