domingo, 12 de setembro de 2010

Agradável Vichy

Na hora em que pensamos em Vichy, uma de nós já soltou: "lá é a terra dos cremes. Vou comprar um monte de Vichy pra usar. Quem sabe dá pra levar pro Brasil e vender mais caro também?". E foi assim que começou a proposta da nossa primeira viagem pela França. Por sorte, percebemos logo de cara que a pequena cidade francesa era muito mais do que seus cosméticos.

Vichy (pronuncia-se Vi-chí), está a 50 km de Clermont-Ferrand e tem cerca de 25 mil habitantes. O turismo local é voltado principalmente para o uso terapéutico ou estético das suas águas termais. De Vichy brotam fontes de águas termais ricas em bicarbonato de sódio e gás carbônico, que ajudam no tratamento de problemas de fígado, vesículas, estômago, pâncreas e intestinos. Suas águas (e seus benefícios) já eram conhecidos desde 52 a. C., o que fez a cidade prosperar economicamente e em grande velocidade.

(A cidade é cheia de grandes e luxuosos hotéis que recebem pessoas do mundo inteiro, principalmente por causa das suas águas termais)

Durante a Segunda Grande Guerra, entre os anos de 1940 e 1944, o governo francês se mudou para a cidade e ela se tornou a capital da França. A escolha de Vichy como sede do governo francês deu-se por diversos fatores, entre eles a proximidade com Paris e a grande capacidade hoteleira local.

Dá pra perceber que a cidade sempre foi chique! Além dos caríssimos tratamentos termais, a cidade conta com um imenso campo de golfe de 5 km no meio da floresta, um Hipódromo, um Casino e diversas galerias de arte e roupas de marca. Só coisa de gente rica ne? Nós, quatro estudantes brasileiras que ainda não conseguimos parar de ficar convertendo euros para reais a cada compra, aproveitamos Vichy de um outro jeito.

Feita de casas e parques

A passagem de trem para Vichy era bem barata. Na França, quem tem entre 18 e 25 anos pode fazer uma carta para conseguir descontos em passagens de trem. A carta custa 50 euros e vale até você passar dos 25. Com ela, a passagem custou 4,80. Sem ela 7,20. Barata, de toda forma.

Saímos de Clermont às 8h30 e em trinta minutos chegamos ao nosso destino. Como já disse, nada na França parece começar antes das 10h, então a cidade ainda estava um pouco parada. Passamos pelo chiquérrimo Hotel de Ville, que hoje é a prefeitura da cidade. O local foi construído em 1925 em estilo neo-renascentista. Uns passos a mais e estávamos na Place Charles de Gaulle, uma praça um tanto quanto movimentada para aquela hora do dia. Entramos em uma padaria/confeitaria e ninguém foi capaz de recusar seus quitutes.

(Já deu pra perceber que esse é o meu mal ne? Vou postar fotos dessas delícias açucaradas em quase todos os post...)

Depois do lanchinho, fomos até a Avenue Du, a avenida mais comercial da cidade. Paramos em uma farmácia e começou a sessão de beleza da linha de produtos Vichy. Durante todo o passeio não vimos nada de mais em relação à marca de cosméticos. Não sabemos se é na cidade que os produtos são produzidos ou se eles usam as famosas águas do local para isso. De toda forma, eles são muito baratos. Um pote de creme hidratante por 9 euros, enquanto no Brasil custaria mais de 70 reais e por aí vai. Sou um homem em relação a essas coisas: não compro hidratantes e tenho preguiça de usar, mas garanto que as meninas fizeram a festa!


(A Avenue Du e as Passages, ruazinhas transversais exclusivas para pedestres que guardam lojas de roupas, sapatos e toda espécie de coisas. A cidade tem várias delas)


Já na loja de doces, fui eu a primeira a entrar. Vichy também é famosa por suas pastilhas. Produzida com as águas termais da cidade e a partir de uma série de condições físico-químicas, elas eram quase um remédio para os oradores na época de sua criação. Depois, aos doceiros da região também começaram a produzir balas de diversas espécies. Compramos alguns potinhos de 1 euro e trocamos os sabores.

No meio da Avenida entramos na igreja de Saint Louis, construída de 1861 a 1865 a pedido de Napoleão III, o mais ilustre morador da região e incentivador do seu desenvolvimentos. Os nove vitrais na nave da igreja representam os santos da família imperial. O local é bonito, mas devo admitir que a própria Catedral de Clermont é infinitamente mais bonita e encantadora.

(Igreja de Saint Louis)

Depois fomos ao Parque des Sources, ou parque das fontes. Uma coisa interessante de Vichy é quantidade de área verde. A cidade já recebeu diversos prêmios nacionais de patrimônio natural devido as suas diversas espécies de árvores e flores. Os parques circundam praticamente toda a margem do grande lago de Allier, o principal da cidade. Eles são dotados de playground, mesas de ping pong, quadras ára esportes, campos de mini golfe e uma série de atrações para todas as idades. No verão eles viram o grande point da cidade e até uma "praia" é instalado no local.

(Essa é a ponte que atravessa a cidade. A tarde, sentamos em um desses parques para aproveitar o pôr do sol. Demos sorte também: o único quiosque aberto ia fechar aquele dia por causa do fim da temporada de verão e estava vendendo qualquer sorvete por 1 euro!)

O Parque de Sources é o único longe das margens do Rio. Ele foi construído em 1812 a mando de Napoleão I e está no bairro mais antigo da cidade. Ao seu redor estão todos os divertimentos da cidade. O parque tem esse nome por guardar algumas das mais importantes fontes da cidade. Ao seu redor há uma linda galeria coberta em ferro que foi construída para facilitar o trânsito das pessoas entre as fontes e as termas.

Ali perto estava uma estranha construção: duas igrejas completamente diferentes, mas uma do lado da outra, unidas entre si. Uma delas é do século XV, se chama Eglise Saint-Blaise e ficou famosa por ter atendido a diversos milagres já nos anos 1900. A outra é exatamente do século XIX e foi construída com o intuito de aumentar a primeira. Ela se chama Notre-Dâme-des-Malades e guarda um estilo art-déco.

(Então fomos para o Parc des Sources escutar o Le Quartet Steamin, que estava se apresentado todas as manhãs de setembro por lá. Eles tocam Swing, Be pop, Jazz, Bossa Nova, mas de animado não tinha quase nada...)

Depois visitamos a Ópera e o cassino da cidade. Não dava para entrar nos lugares, pois eles estavam sendo arrumados para abrigarem eventos diversos naquela noite. De fora o lugar já era enorme e muito bonito. O mais engraçado dessas cidades é imaginar como elas funcionavam nos seus anos aúreos, no século XIX, quando homens e mulheres vestiam suas melhores roupas para assistir a peças de teatro e musicais.

O almoço foi tranquilo. Encontramos um restaurante pequeno que servia comida boa e rápida. O lugar se chama Le 104. As meninas pediram massa e eu uma salada. Cada porção ficou por 5,50 euros. O próximo lerê do dia seria dar a volta na cidade de trenzinho. Porque, vocês se perguntam. É fácil: Já tinhamos andado muuuito mas, mesmo assim, não conseguiriamos ir a certos lugares a pé se quisessemos andar com calma e aproveitar a cidade. O trem nos levaria nesses locais, além de ter um audio-guia que contava a história das cidades e dos seus pontos turísticos.

(A esquerda, o trenzinho La Mouette II. A direita, uma casinha em estilo inglês)

Era um pouco salgada - 6 euros o passe adulto - mas valeu a pena. Entre as atrações pelas quais passamos estavam o Castelo Franco, construído ainda no século XV e redecorado em estilo néo-gótico, a fonte de águas de Celestin e em diversas ruas residenciais famosas pelos suas construções arquitetônicas, de inspiração colonial, inglesa ou suiça. Depois dos parques, essa foi a outra coisa que mais me chamou atenção na cidade: suas lindas casinhas de sacadas trabalhadas em ferro. Dá vontade de morar em uma delas. Também fomos à borda do rio Aillers, conseguimos ver o Hipódromo e o campo de golfe do outro lado da margem.

Ao fim do passeio de trenzinho, fomos à Les Boutiques du Forum, uma galeria com lojas de arte e souvenirs turísticos. Com todos os "lerês" compridos, voltamos àquela rua movimentada e nos deparamos com um grupo de danças folclóricas e históricas da França!

(A gente conversou nesse mesmo dia sobre como não conhecíamos nada que fosse típico da França em termos de música)

Depois de ver o sol cair às margens do Rio d'Allier, voltamos a área central da cidade e sentamos em um barzinho para esperar o nosso trem, que só ia partir às 22h20. Como qualquer cidade francesa (pelo menos até agora) desde às 20h tudo já estava fechado. No bar só tinha nós 4 e mais um outro casal, que não se demorou. Jogamos conversa fora até anoitecer e voltamos felizes. Perguntamos para o pessoal aqui da moradia se eles conheciam a cidade e muitos disseram que não ou torceram a cara, falaram que era um lugar pequeno e que não tinha nada para fazer. Realmente, um dia foi o suficiente para considerar Vichy como um lugar encantador e não entediante.

2 comentários:

  1. Ei Ju,
    Não consigo visualizar as fotos.
    Abraço.

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  2. Oi! Sou eu que ainda não postei mesmo... =]

    Como a rede wifi da minha moradia é muito ruim eu não consigo postar minhas fotos pois elas estão em alta resolução. Assim, escrevo a matéria um dia e posto as fotos no outro, em outro lugar!

    Abraços!

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