sexta-feira, 9 de abril de 2010

Dia a dia na Serra do Cipó

Acampar dentro de um paraíso ecológico como é a Serra do Cipó é sempre uma boa ideia. O local, que fica a 90 km de Belo Horizonte, na Serra do Espinhaço, oferece estadias para todos os tipos de gosto. Além do acampamento, que pode ser selvagem ou dentro de um camping organizado, há albergues, casas para alugar, pousadas e hotéis de alto nível. E mesmo que o clássico seja caminhada + cachoeira, há diferentes tipos de passeios. Quem quiser pode praticar esportes radicais como tirolesa, escalada ou rapel, fazer um tour pelos bares da rua principal ou simplesmente ficar relaxando o tempo inteiro.

Mesmo com um saldo geral positivo, como não podia deixar de ser, também tivemos alguns problemas. Abaixo, um roteiro dia a dia com meu passeio pela Serra do Cipó para você pegar dicas e sugestões e fazer o seu também:
.
(Entrada do camping da ACM. Aqui começa meu passeio!)

Dia 1

Fui para a rodoviária pegar o ônibus das 16h. Há duas companhias que fazem a viagem para a Serra do Cipó, a Saritur e a Viação Serro. Os horários eram bem ruins: depois das 16h, em plena véspera de feriado, o próximo seria só às 19h. O preço, razoável: 22 reais e alguns quebrados.

A viagem foi tranquila. A reserva no campinga da ACM foi feita uma semana antes, em BH. Você pode simplesmente chegar lá e perguntar se há vagas, mas em épocas de feriado isso não é recomendável. O primeiro problema ia começar agora, pois montar uma barraca a noite, a luz de lanternas, não ia ser nada fácil. De toda forma, era isso ou chegar sexta-feira e de manhã e correr o risco de não arranjar um lugar legal para ficar.

(Uma amostra de como fica a Serra do Cipó em feriados: turistas "invadindo" a Cachoeira Grande)

Foi relativamente fácil pelo fato de a barraca ser pequena (até demais) e fácil de montar. A ACM tem uma lanchonete, uma opção para as pessoas que, como nós, fazem esse tipo de passeio de forma esporádica e não têm objetos suficientes para viver em uma floresta sem traços de civilização. Pedimos mistos quentes com suco e voltamos para a barraca.

(Camping da ACM. Para saber o que levar nessas viagens, nada melhor do que dar um passeio e observar o que as pessoas usam)

Dia 2

Já saímos de BH convencidos de que na primeira manhã iríamos a Cachoeira Grande. Se você que fazer muito um passeio programe-o logo para o primeiro dia, quando você ainda está descansado e não corre o risco da moleza tomar conta. Da ACM até a porta do parque são 5 km. deixamos para tomar café da manhã na rua central. Aviso: eram 9h da manhã e só encontramos uma padaria aberta, a 3 km de distância. Quem for mais cedo ou não aguentar andar tanto antes de comer não se arrisque e lanche antes.
.
(Cachoeira do Tomé, a primeira das quatro quedas d'água dentro do parque que dá acesso à famosa Cachoeira Grande. Na outra foto, placa indicando a Cachoeira da Chica)
.
Para entrar no parque que dá acesso a Cachoeira Grande é preciso pagar 15 reais por pessoa (o que eu acho bem caro). Há outras três cachoeiras antes de chegar a principal. Há placas indicando a entrada de cada uma delas ao longo do caminho. Todas as três valem a pena a visita e, às vezes, até um pulo n'água. Além das belíssimas fotos que você vai tirar, não há aquele amontoado de pessoas nesses locais, o que as torna infinitamente mais agradáveis e relaxantes. A primera, a Cachoeira do Tomé, é a mais bonita. Sem contar que você já pagou 15 reais, não e mesmo? Agora aproveita!
.
Claro que nenhuma delas é como a Cachoeira Grande: linda, imponente, convidativa. Não é pra menos que ela é um dos principais pontos turísticos da Serra do Cipó. Afinal, se algum lugar se torna famoso é porque alguma coisa ele tem. E a Cachoeira Grande tem. Na parte de cima um lago calmo, usado para a prática de canoagem. Depois, uma queda d'água volumosa com 60 metros de extensão. É possível escalar os 10 metros de cachoeira em várias partes, devido as pedras irregulares que dão espaço até se sentarem no meio das águas da cachoeira.
.
(Parte da Cachoeira Grande. A época estava boa: as chuvas das semanas anteriores deixaram um bom volume d'água)

(Uma visão geral)

Depois do passeio, almoçamos no restaurante Matuto Cipó. Um lugar agradável com uma comida gostosa. Por 32 pedimos um prato para dois que dava para alimentar quatro. O problema é andar mais 2 km para chegar ao camping com a barriga cheia. O resto do dia foi uma moleza só.

Dia 3

Céu cinza, vento frio e muitas nuvens. Percebi logo de cara que aquele não seria um dia de sol, o que dificulta muito a sua vida se você está pensando em pular na água gelada de alguma cachoeira. O dia nublado veio pra compensar o anterior, que fez um sol de matar. Inclusive, acordei sentindo meu ombro e meu nariz ardendo. Colocar minha mochila nas costas foi uma luta constante desde então.

Com o dia mais ou menos, ficamos na barraca a manhã inteira. Estendemos um pano no chão e ficamos jogando baralho, conversando e escutando música. Na hora do almoço resolvemos ficar por lá mesmo e aproveitar o self service do restaurante da ACM. O preço é bom, mas a comida mais ou menos. Havia poucas opções de carne e tudo era bem gorduroso, do arroz ao macarrão. Depois andamos um pouco para tomar um picolé.

Já que estávamos de pé, resolvemos ir à cachoeira Véu da Noiva. A cachoeira fica dentro do camping e seria ridículo acabar a viagem sem nem ao menos vê-la. A garoa leve não atrapalhou o passeio. Mas atenção: se estiver chovendo não vá em nenhuma cachoeira, pois o volume de água aumenta muito rápido e leva tudo o que estiver na frente. Todo ano há um caso de alguém que foi arrastado pela correnteza...
.
(Piscina natural do camping da ACM. No feriado, eles organizam
uma série de atividades. A piscina, por exemplo, tem aulas de hidroginástica e campeonatos de pólo aquático. O filete d'água que vemos lá no fundo é a Cachoeira Véu da Noiva. À direita, o caminho que leva até lá)
.
O caminho para o Véu da Noiva é estreito e cheio de pedras, ou seja: possibilidades nada remotas de dar aquela escorregada e cair. O trajeto traz três ramificações. Todas elas levam a pequenas piscinas naturais com água cristalina. Caminhando até o final, chegamos à Cachoeira Véu da Noiva. Com 60 metros de altura, a água respinga longe. A queda acaba em uma piscina natural azul turquesa e muito convidativa. Mesmo naquele friozinho deu vontade de entrar (claro que na primeira passada de mão na água você desiste...). Nadando um pouco mais pro fundo, é possível deixar a água da cachoeira cair nos próprios ombros. Nada melhor para tirar o mau olhado!

(Cachoeira Véu da Noiva. E olha que aquele pontinho lá em cima ainda não é o fim da cachoeira)

Voltamos para a barraca e ficamos naquela lenga-lenga: mais baralho, mais música, mais conversa. A garoa passou a ficar constante e nos deitamos dentro da barraca, de barriga para cima, com a cabeça para fora. Ficamos vendo as gotas de chuva caindo do céu e o dia, pouco a pouco, anoitecer...

Dia 4

Hora de ir embora. O que causou uma certa raiva, se você que saber, porque amanheceu prometendo sol. A única coisa que pensava era na vontade de adiar a volta só pra ir no Véu da Noiva pular naquela piscina natural, o que não tive coragem de fazer um dia antes. Mas sair cedo foi uma boa escolha. Às 7h30 já estávamos desmontando a barraca e, às 8h30, esperando o ônibús lá fora. Enquanto isso as pessoas ainda acordavam ou tomavam café, sem pressa nenhuma. O outro ônibus passaria ao meio dia e, nessa hora, a estrada já estaria cheia.

Voltamos tranquilamente e ainda deu pra sentir um pouco do que foi Belo Horizonte nesse feriado: um paradeiro só. A cidade foi enchendo ao longo do dia. E a vontade de voltar pra Serra do Cipó foi aumentando na mesma proporção!

2 comentários:

  1. Estava eu fazendo um trabalho sobre a Serra do Cipó e de repente falo: Nossa! Achei um site ótimo! Quando eu li "Eu Mundo afora" pensei, olha! É o da Ju! hahahaha
    Parabéns Ju! Tá o blog tá massa! =)

    ResponderExcluir
  2. Que lindo! Estarei indo para lá esse final de semana... Obrigada pelas dicas! Bjs

    ResponderExcluir