terça-feira, 21 de julho de 2009

Tudo vira música

Ontem foi a abertura oficial do 41º Festival de Inverno da UFMG, aqui em Diamantina. De manhça houve uma palestra com prefeito da cidade, reitor da universidade, secretário estadual de cultura e outros pessoas do alto clero. Depois houve um seminário para discutir o Festival. O espetáculo da noite ficou na responsabilidade do Grupo de Percussão Iukerê.

(Foto: Foca Lisboa. Nesse link)

O grupo foi criado em 2003 por dois professores do Conservatório Estadual de Música Lobo de Mesquita, de Diamantina. O nome antigo era Maracatuk, mas por acharem que se tratava de um grupo que só tocava maracatu, ritmo típico de Pernambuco, eles trocaram o nome por Iukerê: um instruento africano de chacoalhar muito usado por escravos em Diamantina.

O local estava cheio e antes do show os presentes assistiram a um documentário aonde os integrantes do grupo e alguns convidados (como o vocalista do Berimbrown, grupo que serviu de inspiração ao Iukerê) falaram sobre sua história e composição. Depois veio o show.

A mim, seria mais um grupo de percussão como qualquer outro. Duas coisas neles, porém, me chamaram a atenção. Primeiro: no espetáculo que assistimos, que se chama Era U Ditu, eles misturam música erudita com sons contemporâneos. Ótima idéia. Ficou bem interessante e nada cansativo. Segundo: Eles usam instrumentos reciclados, como latões e canos PVC. Ok, todo grupo de percussão hoje faz isso. E pior, parece que alguns fazem de propósito, para dar um ar mais sofrido a sua história de superação, sabe como é? Mas no Iukerê esses instrumentos são coadjuvantes, eles repartem a cena com bateria, tambor e chocalho. A diferença é que não fica cansativo.

Outro momento interessante foi quando eles chamaram o público para participar. Na palma da mão e com folhas de papel, um dos integrantes puxou os movimentos que a platéia deveria fazer enquanto o grupo continuava tocando. Mais do que fazer a platéia se divertir, isso mostrou que até as pessoas com menos “ritmo” podem fazer música.

O grupo tem 5 anos de vida e a eles ainda falta um pouco de presença de palco, sorrir mais, tocar de forma mais natural. Mas o grupo mostra que Diamantina não tem só serestas e vesperatas.

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